Astronomia
A exposição Registos do céu, a astronomia em manuscritos da Torre do Tombo, apresentada pela DGARQ e pela Torre do Tombo, entre 8 de Setembro de 2009 e 22 de Janeiro de 2010, permanece agora patente ao público através da internet.
Nesta exposição, realizada em comemoração das observações astronómicas feitas por Galileu, através de um telescópio, encontram-se alguns documentos que testemunham até que ponto o Portugal do século XVI foi importante na divulgação do conhecimento científico da época.
Na Carta de Mestre João, cosmógrafo ao serviço do rei D. Manuel, do ano de 1500 (Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte 3, mç. 2, n.º 2), é pela primeira vez apresentado o desenho da constelação Cruzeiro do Sul que foi, para os exploradores portugueses e outros que a seguir vieram, de extrema importância como ponto de referência celeste para a navegação astronómica. Leia a carta e a sua transcrição paleográfica.
Outro manuscrito exposto é o Livro da Marinharia (Torre do Tombo, Colecção Cartográfica, n.º 166), o mais antigo caderno de navegação conhecido: inclui informações de interesse náutico utilizadas pelos navegadores portugueses, como as regras para a navegação astronómica, noções elementares de cosmografia, tábuas de declinações solares, dados sobre as marés, entre outros assuntos.
O Tratado da Esfera (Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1770), também em exposição, confirma a importância que teve a Companhia de Jesus, e em particular o Colégio de Santo Antão, no desenvolvimento do pensamento científico em Portugal nos séculos XVI e XVII. Através das aulas do jesuíta Giovanni Paulo Lembo (1570-1618), registadas por um seu aluno que permanece incógnito, dá-se a conhecer a revolução de além fronteiras que viria a anular definitivamente a tradicional concepção aristotélica – ptolemaica do cosmos, em vigor até então.
O códice de astronomia e astrologia Galatas de curiosidades matemáticas (Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 681), apresenta inúmeras ilustrações que incluem tabelas, desenhos, mapas e instrumentos de medição. A obra abrange temas tão diversos como astronomia, astrologia, medicina, cosmografia, matemática e geometria. Terá sido composta por André de Avelar (1546-1623?), um dos sucessores de Pedro Nunes na cátedra de Matemática da Universidade de Coimbra, que se atribuiu o pseudónimo de “Galatas”.