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Notícias

8 de Maio de 2018

JOSÉ CARDOSO PIRES, um integrado marginal (1925-1998)

José Augusto Neves Cardoso Pires, nasceu em Vila de Rei, São João do Peso, a 2 de outubro de 1925. Cedo veio viver para Lisboa onde viria a falecer em 26 de outubro de 1998.

Figura marcante da cultura portuguesa do século XX, evidenciou-se enquanto escritor e dramaturgo cronologicamente ligado à geração neorrealista com a qual partilhou preocupações sociais e resistência à ditadura do Estado Novo. Fez uma passagem de vários anos pelo jornalismo tendo colaborado com o Diário Popular e com o Diário de Lisboa. Entre 1969 e 1971 esteve em Londres como professor convidado de Literatura Portuguesa e Brasileira no King’s College.

Viu alguns dos seus livros traduzidos em mais de quinze línguas e muitos dos seus textos adaptados ao cinema. Foi galardoado ao longo da vida com inúmeras distinções nacionais e internacionais.

Uma parte da sua obra foi escrita durante a ditadura sob um clima de repressão que originou a apreensão ou a censura aos seus textos e uma constante vigilância à sua atuação cívica e profissional por parte das instituições do Estado Novo, como o Serviço Nacional de Informação e a PIDE/DGS.

É a memória do autor recuperada nos documentos de arquivo que se evidencia nesta mostra documental com que o Arquivo Nacional da Torre do Tombo assinala o vigésimo aniversário do falecimento de José Cardoso Pires.

Os documentos presentes situam-se cronologicamente entre 1951 e 1974. Do Secretariado Nacional de Informação podem ser vistos, de 1951,o processo de proibição da publicação da “Coleção Horizonte” onde para além de José Cardoso Pires participariam também Fernando Namora, Vergílio Ferreira entre outros; de 1952, o processo de apreensão do livro “Histórias de Amor”; de 1953, a peça de Arthur Miller   “ Morte de um Caixeiro Viajante” traduzida por Cardoso Pires aprovada com cortes pela Comissão de Censura, ou a proibição pela mesma da peça de sua autoria “O Render dos Heróis”, em 1963.

Dos processos da PIDE/DGS provenientes do Serviço de Reservados (SR) e do Centro de Informação (CI) por refletirem o controlo da atividade de um conjunto de personalidades especialmente referenciadas pelo Estado Novo, destaca-se um conjunto de documentos que atestam o envolvimento ativo de Cardoso Pires com os seus pares nas causas da paz e da liberdade, tal como de notícias publicadas por alguma imprensa relativamente a si e à sua obra.

Complementa-se a mostra documental com algumas fotografias de José Cardoso Pires provenientes do acervo fotográfico da Revista Flama.

 

Esta notícia foi publicada em 8 de Maio de 2018 e foi arquivada em: Exposições, Geral, Notícias.